Nos últimos anos, o termo saúde mental deixou de ser apenas pauta de especialistas e passou a ocupar espaço nas conversas do dia a dia. Isso é positivo, mas também exige cuidado: falar sobre saúde mental não é apenas citar diagnósticos ou alertar sobre transtornos. É reconhecer que ela está presente em cada escolha, relação e movimento que fazemos na vida.
Muitas vezes, pensamos em saúde mental como não ter ansiedade ou não ter depressão. Mas a definição é muito mais ampla. Ter saúde mental significa cultivar bem-estar emocional, construir relações significativas, lidar com adversidades de forma resiliente e manter uma relação saudável consigo mesmo. O que poucas pessoas percebem é que ela também se reflete no corpo, na forma como nos alimentamos, dormimos, trabalhamos e nos relacionamos com o tempo e o descanso. O corpo fala, e muitas vezes ele sinaliza o que a mente tenta esconder.
O psicodrama, abordagem terapêutica criada por Jacob Levy Moreno, parte do princípio de que as experiências podem ser revisitadas, ressignificadas e transformadas a partir da ação. Em vez de apenas falar sobre o que aconteceu, a pessoa vivencia cenas que representam situações importantes de sua vida, explorando sentimentos, percepções e novas possibilidades. Na prática, isso significa abrir espaço para que emoções sejam expressas, conflitos sejam compreendidos e novas respostas sejam experimentadas, sempre em um ambiente seguro e conduzido por um profissional capacitado.
O estresse crônico, a pressão por produtividade e as mudanças rápidas no mundo fazem com que cada vez mais pessoas sintam-se sobrecarregadas. Ainda existe um tabu enorme: buscar ajuda psicológica, em alguns lugares, ainda é visto como sinal de fraqueza. Mas é justamente o contrário. Reconhecer que precisamos de apoio é sinal de maturidade e autocuidado.
Cuidar da saúde mental é cuidar da vida como um todo. É criar um espaço interno e externo onde possamos ser quem somos, aprender com nossas histórias e escrever novos capítulos. O psicodrama, assim como outras práticas terapêuticas, é uma dessas portas abertas para a reconstrução, um convite para entrar em cena e protagonizar a própria história.