Nos últimos anos, falar sobre terapia se tornou algo comum, e isso é um avanço. O que antes era tabu hoje aparece em conversas de bar, podcasts e redes sociais. Mas entre a popularização da terapia e a real compreensão do que ela significa há um abismo que ainda precisa ser atravessado.
Recentemente, a apresentadora Eliana, em um vídeo publicado em suas redes, falou sobre sua experiência pessoal com a terapia. Ela lembrou que faz acompanhamento há quase vinte anos e destacou algo essencial: “a terapia transforma, mas não resolve a vida.” Essa é uma frase que, para nós que trabalhamos com saúde mental, carrega uma sabedoria imensa.
A vida não se resolve: ela se vive
A terapia não é um projeto com começo, meio e fim. É um processo contínuo de encontro com aquilo que somos, com as dores e as forças que nos constituem.
No psicodrama, dizemos que o processo terapêutico é um palco onde o sujeito se reencontra com suas próprias cenas, as vividas, as não-vividas e as ainda por viver.
O terapeuta, nesse contexto, não é quem detém respostas, mas quem ajuda a abrir caminhos, a olhar de outro ângulo, a experimentar novas formas de ação.
Não há mágica, nem atalhos. Fazer terapia não significa “ter a vida em dia”, mas estar disposto a aprender a viver de modo mais consciente e espontâneo, aceitando a imperfeição como parte da existência.
Nem todos têm acesso, e isso também precisa ser dito
Outro ponto relevante na fala da Eliana é o reconhecimento do acesso desigual à psicoterapia. Ainda que hoje existam clínicas sociais, CAPs, projetos universitários e ONGs que oferecem atendimentos gratuitos ou de baixo custo, muita gente sequer sabe disso.
Além das barreiras financeiras, há o preconceito: a ideia de que buscar terapia é “coisa de gente fraca” ou “de quem tem problema”. No entanto, a terapia é um direito humano, é um recurso de cuidado, dignidade e cidadania.
Na Casa das Cenas, acreditamos profundamente nisso. Por isso, mantemos a Clínica Social, que oferece atendimentos acessíveis, acolhendo pessoas em diferentes condições socioeconômicas. O cuidado psicológico deve ser um bem coletivo, não um privilégio de poucos.
A terapia não é um troféu
A terapia não é um troféu
Há uma tendência recente de transformar a terapia em símbolo de status. Frases como “minha terapia está em dia” ou “faço terapia porque sou evoluído” acabam esvaziando o sentido mais humano desse processo.
Terapia não é medalha, nem atestado de superioridade. É compromisso com a própria verdade, e, portanto, com a própria vulnerabilidade.
Ser alguém em terapia não nos torna imunes à dor, ao erro ou ao conflito. Mas nos ajuda a lidar com eles de modo mais consciente, mais ético e mais afetivo. Nos ensina a ser humanos entre humanos.
Aprender a viver imperfeito
Aprender a viver imperfeito
A maior transformação que a terapia traz não é o controle sobre a vida, mas a ampliação da capacidade de viver imperfeitamente, com coragem, presença e ternura.
No psicodrama, chamamos isso de espontaneidade criadora, a habilidade de responder ao novo, ao imprevisível, com autenticidade. Essa talvez seja a verdadeira “cura” que a terapia oferece, não uma cura de sintomas, mas de alienações.
Que a fala da Eliana nos lembre: se você pode fazer terapia, que isso não seja motivo de orgulho, mas de responsabilidade. Responsabilidade de se cuidar e, sempre que possível, de contribuir para que outras pessoas também possam acessar esse espaço.
Cuidar é um ato de transformação
Cuidar é um ato de transformação
Na Casa das Cenas – Escola de Psicodrama e Clínica de Psicologia, acreditamos que cada encontro pode ser uma cena de transformação.
Se você deseja começar seu processo terapêutico, conhecer a nossa Clínica Social ou participar dos cursos e vivências de psicodrama, entre em contato conosco.

